terça-feira, 16 de outubro de 2007

CONTOS TECNOLÓGICOS DE QUALIDADE - 08 - TROPA DE TESTADORES DE ELITE (veja texto completo)

Contos Tecnologicos: Tropa de Testadores de Elite

Texto (***já está 100% completo - veja TODO post***):

AGUARDEM: EM 17-10-2007 SERÁ PUBLICADO A TROPA DE TESTADORES DE ELITE. UM CONTO FUTURISTA DE SUSPENSE PARA QUEM TEME A MÁ QUALIDADE DE SOFTWARE...

Ah-Ah-Ah. Isto não é piada. Ah-Ah-Ah.

Autor: Leonardo Molinari

==========Veja agora o texto=========

Era uma vez... bem, este conto não dá pra ser assim: a tensão é do início ao fim. Não dá ficar explicando tudo tim-tim por tim-tim. Você, nobre e sobrevivente leitor, vai ter de "pegar bonde o andando". Depois não venha me dizer que não lhe avisei.

Aqui o meio da história já é o início:

-Seu incompetente! Burro! Estúpido!... Se você descobriu uma falha no programa de faturamento, mostra bug na cara dos caras. Quero ver desenvolvedor encarar mais essa!
-Mas chefe...
-"Chefe" é o cacilda... Eu sou o líder aqui p#%%@! Testador-Líder. Burro! Sou o Testador Guimarães.
-Sim Chefe, digo, Sim Senhor! Sim Testador Guimarães!
Ao falar o jovem testador Daniel levantou-se e fez um leve sinal de reverência.
O velho Testador Guimarães fez um sinal de aprovação.
-Testador "burro" Daniel está vendo o que está escrito na placa ali na porta?
-Sim Senhor! Sim Testador Guimarães!
-O que está escrito ali?
-BATE!

Neste momento Guimarães levantou-se e deu-lhe um tapa na cara. Puro choque. O jovem Daniel não sabia o que fazer. Ficou atônito. O detalhe singular é que eles estavam sozinhos na sala, e já era mais de 18:00...

-Burro! Se pronúncia assim: Batalhão de Testadores Especiais, o "Ba.t.e". Aprendeu idiota?
-Sim Senhor! Sim Testador Guimarães! (o medo da demissão era maior do que a revolta pelo tapa na cara, pois Daniel era novo e tinha casado a pouco mais de 15 dias).
-Me mostre o relatório de erro que você aprontou, disse Guimarães.
-Sim Senhor! Sim Testador Guimarães! Aqui está Senhor!
Guimarães analisou o relatório. Ele já sabia o que fazer: era o de sempre, mas quem fez este programa foi o "Jucão", aquele desenvolvedor novo na empresa.
-Me acompanhe até a sala de programação onde os desenvolvedor ficam, falou em voz o velho Testador Guimarães.
-Sim Senhor! Sim Testador Guimarães!

Em poucos minutos eles estavam face a face com o tal desenvolvedor Jucão.

-Jucão olhe pra mim, disse o Guimarães. Foi você que fez esta p#%%@? Falou apontando para o relatório onde estava o nome do programa com bug?
-Sim mané. Fui eu. Qualé, algum pepino cumpadi? Sai fora, se toca.

Neste momento o Testador Guimarães pegou o Jucão pelo colarinho, deu-lhe 3 tapas cara em seqüência de modo que ele ficasse imobilizado e chocado ao mesmo tempo. Ele tentou reagir mas Guimarães pegou ele pelo pulso de forma que nada pudesse fazer. Ele chegou a se contorcer de dor.

-Onde está o bug seu filho-da-p%#@ ? Fala desgraçado!

Guimarães era violência pura. Nada detia ele.

-Não sei, dizia ele...
-Você sabe canalha! Me diz ou você vai apanhar mais...

Em poucos segundos como num passe de mágica ele sabia onde estava o bug.

-Sei sim! Sei sim... me larga, mas não bate na cara. Na cara não! Por favor, na cara não...

Guimarães deu-lhe mais 4 tapas de forma mais violenta que da primeira vez.

-Isso é pra você aprender a fazer um programa decente. Desgraçado!... Você tem meia hora pra colocar o código novo consertado em produção.

Não se precisa dizer mais nada. No dia seguinte estava tudo 100%.

O fato é que o Testador estava treinando vários testador novos para atuarem no Ba.t.e.. Eles eram uma tropa de testadores de elite que merecia respeito. O quente não eram seus métodos de descobrir bugs. O quente eram seus métodos de resolução de bugs. Guimarães estava velho e ia se aposentar em 3 meses. Precisa achar alguém que ficasse em seu lugar. Ele viu em Daniel um forte candidato, pois se parecia com ele a alguns anos atrás.

O treinamento era exaustivo. Guimarães indicava o livro de testes ou qualidade que deveria ser lido de um dia para o outro, e cuja série de perguntas (ou problemas) iriam ser respondidas no dia seguinte. Era na realidade um teste por dia. Quem não lia não tinha chance alguma: ou era demitido sumariamente e se não passasse no teste era também demitido. Cerca de 50% da turma foi eliminada de cara. Eram livros em inglês, em espanhol e em português. Cada um com 300 paginas ou mais. Pauleira diária. Eles sempre gritavam todos juntos ao final de cada dia, tal como um hino:

-Bug bom é bug morto! Desenvolvedor bom é desenvolvedor sem bug!

Sempre uma vez por semana eles faziam testes reais e tinham de descobrir bugs. Eles foram devido a pressão se tornando opressores dos bugs. Uma fúria indomável surgia dentro de cada um quando descobriam um bug. Alguém tinha de pagar por aquilo.

O problema é Daniel se tornou uma cópia do Testador Guimarães. Daniel se tornou mais que o Guimarães era: era tão violento e medonho quanto Guimarães porém era mais sórdido. Começou a manipular os colegas e quem não era testador em sua visão era em pouco tempo demitido.

Daniel passou a querer mais e mais. "Guimarães tinha de ser eliminado" pensou ele.

Quinze dias da aposentadoria, Daniel mostrou um vídeo gravado por uma camera de bolso para o diretor da empresa, ao mesmo tempo que ele tinha descoberto vários podres do diretor. Não restava dúvida: Testador Guimarães foi demitido por justa causa. Daniel ficou em seu lugar.

Algum tempo depois quando um novo testador iniciou na empresa, Daniel se apresentou:

-Aqui meu filho é o Ba.t.e. - Batalhão de testadores especiais. Aqui nesta sala quem manda sou eu. Se você não entendeu é Burro. Aqui é uma cova de leões. Matamos um leão por dia aqui. Aqui não há testadores, o que existe são sobreviventes. Boa Sorte. Eu sou o Testador Daniel. Escutou?

Caro Leitor, vejamos a não-qualidade apresentada:
1-trate todos com respeito;
2-desenvolvedor não é criminoso. Aparecer um bug não é ato de delito;
3-não adianta empurar conhecimento goela abaixo. Ninguém é máquina. cada um tem um modo de assimilação;
4-melhorar a qualidade de um código é muito mais que testar;
5-sempre existirá pressão no trabalho, mas alguns profissionais exageram e passa a ser uma pressão psicológica terrível. Tudo é um equilíbrio.

Autor: Leonardo Molinari

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Leonardo, primeiro quero dizer que sou visitante assídua do blog, que tem me ajudado muito na minha carreira de QA, ainda sou iniciante. Estou ha um ano implantando QA na empresa que trabalho. Bom, estou fazendo meu trabalho de graduação sobre Qualidade de Software, vou fazer toda a documentação necessária para todos os processos de software pra realidade da empresa onde trabalho (pequena empresa), mas não acho onde tenha essa "lista de documentos" , quero pegar uma lista inteira, de uma grande empresa e adaptar pra minha realidade, voce por um acaso teria ou saberia onde posso encontrar essa lista? desde já agradeço muito pela sua atenção e parabéns pelo blog.

Leonardo Molinari disse...

Oi Daniela,

muito obrigado por passar por aqui. Postar publicamente "uma lista de documentos" de alguma empresa é algo coplicado sob o ponto de vista de qualidade. Mas antes de pensar no papel pense no processo. Esqueça "o papel". Pense como funciona. Daí surge as regras e orientações. Por ultimo vem os documentos. Porém por uma questão de normas se baseiam em padrões internacionais, quando estes atenderem a necessidade de seu processo. Quando não encontrar use um de referencia para formalizar na sua empresa. Agora, se você tiver ferramentas que apoiem o seu processo de qualidade (seja ela qual for) então veja como ela interege com o seu processo, vendo as informações de entrada. Montar uma metodologia e um processo de qualidade é igual (em essência) a montar um processo qualquer: veja entradas e saidas de seu processo e das fases, fases em detalhes, quem pode fazer o que e em quais fases e quais momentos, tratamento de excessões de seu processo.
Qualquer coisa me escreve direto para lm7k@yahoo.com.br
[]s
Leonardo Molinari