domingo, 2 de setembro de 2007

ENTREVISTA ESPECIAL


Pessoal
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eu fui entrevistado para o Portal TestExpert, e foi uma entrevista bem aberta e original. Acredito que contribuirá em muito para entender o meu trabalho, minhas ideias e visões sobre qualidade e sobre meu jeito de ser enquanto pessoa e profissional. Quem me entrevistou foi o Cristiano Caetano.

Para quem já me conhece, me conhecerá ainda mais. Para quem me conhece pouco, me conhecerá de fato. Veja abaixo a entrevista completa aqui reproduzida.

Um abraço a todos e espero que gostem.

P.S.: Agradeço a um internauta anônimo que me avisou de alguns bugs de texto que passaram desapercebidos pelo corretor de textos do Word. Transparência é assim. Um blog é algo aberto e passível de eventuais ajustes e toda contribuição é válida. Um texto de jornal ou de revista passa por vários revisores (para quem não sabe) e mesmo assim erros são encontrados. Para isso existem erratas o que equivale ao patch do Windows. Super-obrigado.

Leonardo Molinari

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ENTREVISTA
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Setembro/2007 - Entrevista com Leonardo Molinari
sab, 25/08/2007 - 14:35 — Entrevistas

Sobre Leonardo Molinari
* Consultor Sênior de Qualidade de Software e Testes
* Engenheiro de Sistemas e Computação pela UERJ
* Pós-graduado em Gestão pela Qualidade Total - Universidade. Estácio de Sá
* Autor dos Livros: Testes de Software, BTO-Otimização da Tecnologia do Negócio, Gestão de Projetos, Gerência de Configuração
* Palestrante
* Certificado Mercury em Testes
* Experiência nacional e internacional em Qualidade de Software
* Experiência (incluindo soluções automatizadas) em: Testes, Gerência de Processos, Gerência Requisitos, Gerência de Configuração e, Gerência de Projetos em Ambiente Web
* Professor
* Escreve artigos para diversos sites
Entrevista

TEX> O seu livro sobre Testes de Software foi lançado em 2003. De lá para cá, houve um aumento exponencial na oferta de produtos e serviços baseados em software. Como conseqüência, criou-se uma mercado de outsourcing de TI em escala mundial, que por sua vez, alavancou a formalização das atividades de teste de software e a adoção de modelos e normas de qualidade. Se você fosse escrever uma nova edição do seu livro para adequar-se a essa nova conjuntura, quais seriam as principais mudanças?

Molinari> Antes de tudo é um prazer estar na entrevista de inauguração do Portal TestExpert. É um enorme prazer. Primeiro, mas depois de algum tempo constatei que meu livro de estréia é um real divisor de águas. Independente de "estar no lugar certo e na hora certa" a linguagem dele por ser simples e direta fez dele um clássico. Pois mostra a experiência de quem tem experiência para quem precisa ter experiência. O enfoque são os conceitos básicos. Mesmo ele sendo um "clássico" moderno, sempre será necessário na formação básica. Há algum tempo conversei com a Editora Érica (muito tempo antes desta entrevista), pois iria fazer uma atualização deste meu livro. Já foram feitas 2 atualizações anteriormente, pois o livro está na 3ª Edição. O que será atualizado?.... é "segredo de estado", pois sempre gosto de surpreender os leitores. O livro é usado até em Portugal e é conhecido na América Latina, em paises como Venezuela, México, Chile. O fato é quando se escreve um livro, e você sabe disso, não adianta colocar algo por ser apenas modismo. O livro é algo que deve ser pensado a médio ou longo prazo, pois um livro não é um Blog que você pode mudar toda hora. Tenho de analisar tendências, o público-alvo, etc. São vários fatores. Mas até o fim do ano devo enviar uma nova atualização para Editora.

TEX> Hoje no Brasil, um dos gargalos que impedem o crescimento do mercado de serviços de testes e qualidade de software é a falta de profissionais qualificados. Muitas vezes, as empresas contratam profissionais sem qualificação por falta de opções. Para atender essa demanda, além da criação da Certificação Brasileira de Teste de Software pela ALATS, foram criados vários “ramos” brasileiros das principais certificações internacionais de teste de software. Na sua opinião, qual o valor que uma certificação de teste de software agrega a um profissional interessado em se especializar?

Molinari> No Brasil temos a velha cultura de que o que importa é "titulo". Não importa a experiência e a prática que se tenha. O cara pode ter 50 livros e ser palestrante ultra-reconhecido, não importa: tem de ter título. Já vi Gerentes de Projetos, Analistas e até Testadores terem mais "títulos" do que "outros" e serem na verdade os chamados "profissionais de diploma". Só sabem teoria e na prática é um desastre. A cultura do MBA, por exemplo, se espalhou como febre. Qualquer pós-graduação agora é um "MBA". Antes você tinha de ter uma experiência crescente para partir para algo "além" em termos de estudos, aí entrava um "MBA". Como o mercado por outro lado passou a exigir padrões de conhecimentos cada vez maiores, se passou a ter o diploma primeiro e depois prática. Em termos de profissionais é lógico que você precisa entender os conceitos para depois praticá-los.

A moda agora é "Sou certificado pelo grupo XPTO": Isto não quer dizer que você saiba testes realmente. Quer dizer que "você está de acordo e sabedor dos padrões e conceitos de testes da organização devida". Mas quanto a saber testes na prática é uma outra história... Claro, não tiro o valor da certificação, pois em muitos casos o profissional nunca aprendeu nada de Testes antes e é na hora da certificação que resolve estudar e aprender de fato (pelo menos os conceitos básicos). Uma certificação de Testes tem esse lado bom. Tem algumas certificações que tem colocado situações práticas, de maneira que "força" o profissional a pensar na prática ou ter experiência prática antes. Esse é outro lado bom, pois torna a certificação mais "difícil" e força a quem quer se certificar a estudar antes a buscar a pratica, seja através de trabalhos ou de treinamentos específicos.

O lado ruim é o fato de não haver uma "unificação dos conceitos de testes": o que existe é uma "média dos conceitos". Vários autores, empresas e consultores adotam e ajustam conceitos de acordo com suas necessidades. O pior é que você é obrigado a saber e entender todas essas tendências e visões para de fato "entender" de testes. Os grandes fabricantes de ferramentas estão elaborando (pelo menos estão tentando fazer) um padrão geral de testes sob o ponto de vista deles. O que já algo bom, mas vai dar muitos problemas na prática. Querem fazer uma espécie de "UML" de Testes.

Um exemplo clássico é sobre Einstein. Ele era um gênio, mas odiava fazer provas e teve notas ruins na faculdade. Mas a vida o reconheceu como um dos maiores gênios de nosso tempo. Tudo tem seu lado bom e ruim. O ideal é o equilíbrio: ter certificações e ter boa experiência em Testes, e continuar sempre estudando e se aperfeiçoando. Não parar nunca. Mas nem sempre isso é possível devido aos custos.
Como não temos uma pós-graduação ou matérias nas faculdades que tratem exclusivamente de testes, a certificação passou a ser quesito eliminatório em muitas empresas. "Se você tem certificação é porque você sabe algo de testes". Até tudo bem, mas com restrições. Mas o erro está em achar que saber significa ter experiência (se você sabe, você entende). O "saber" está ligado a teoria. Sem contar que a "cultura" do diploma ainda manda. Aconteceu isso comigo em Gerencia de Projetos. Tanto que escrevi um livro que é adotado pelo mercado e bem usado por diversos alunos. O que é pior: provei pra sociedade inteira que sei e sou profissional com experiência devida no assunto e mesmo assim me olham com "rabo de olho", apenas porque não tenho um MBA. Para suprir esta "falta" a médio/longo prazo estarei tirando MBA e outras certificações em Testes. Aí é uma questão de sobrevivência.

TEX> Esse aumento de organizações certificadoras na área de teste e qualidade de software não é um fenômeno brasileiro, mas um fenômeno mundial. Muitos dos gurus contemporâneos da área de teste de software são são contra as certificações e o conteúdo proposto por elas. James Bach, num post do seu Blog chamado “Against Certification” [1], defende que a experiência e uma atitude pragmática em relação aos testes são mais importantes do que conteúdo monolítico de muitas certificações. Qual é a sua opinião em relação a esse tema controverso?

Molinari> Concordo em gênero número e grau com o James Bach. Mas isso não invalida a certificação, porque o "mercado" pede certificações e isso precisa ser atendido. Quero dizer: experiência é importante e fundamental, mas somente é comprovada quando você está dentro da empresa. Para entrar é preciso diplomas e certificações mínimos. Um profissional sem certificações (ou pós-graduação) e com muita experiência pode indicar que o profissional parou no tempo. Esse é o pensamento default nas empresas. Por isso tudo hoje é importante ter uma certificação, para não ser eliminado no processo de seleção e recrutamento. Mas lembre: não ter certificação não quer dizer ter experiência. James Bach é cara que veio da prática, muito parecido comigo que tem sua própria linha de trabalho. Infelizmente a cultura "dos títulos na mão" é ainda importante para a sobrevivência no mercado de trabalho.
Poucas pessoas, e raras, sabem que faço parte de um grupo na web nos EUA, do qual fazem parte Cem Kaner (lider e administrador do grupo na web), James Bach e outros "papas". Não divulgo muito isso pois meu "estilo" nunca foi "melância no pescoço". Eu estou lá e fui aprovado pelo próprio Cem Kaner para entrar. Acompanho e vejo as discussões de perto e me coloco. Coisas que estão num nível altíssimo que vão além da realidade "tupiniquim". Inclusive valido e aprovo e faço parte da linha de Context-Driven Approach. Testes dependem do contexto. James Bach faz parte desta linha e é um dos líderes. Por isso estou "em sintonia" com os "papas", e na prática acabei virando um "papa-brasilis" na área. Nunca parei para me preocupar com estas coisas, mas depois de tanto "ralar" nem parei medir o "rastro" de experiência que fui adquirindo. Aprendi na vida que "os amigos e as pessoas que gostamos" são o mais importante na "nossa longa estrada da vida". Afinal somos seres humanos e vivemos em grupo. O computador é um meio. Testes são um meio e uma ferramenta. Uns 2 ou 3 anos atrás o Dalai Lama deu uma entrevista/artigo para a Computer World, numa comemoração de publicação da mesma. "Mas o que o Dalai Lama faz aqui"??? A resposta a essa pergunta foi artigo inteiro, que visava mostrar que somos seres humanos e a tecnologia é uma ferramenta, que pode ser usada para o bem, para o mal, para salvar ou para prejudicar pessoas. Testes são uma grande ferramenta de transformação da Qualidade, mas não a única, e as certificações representam visões de como "manusear teoricamente" esta grande ferramenta.
De certa forma devido a minha experiência e visão na área de Testes eu já era assim... Apenas o mercado me descobriu depois de meu primeiro livro, o de testes. Acho que agora você entende porque o meu livro de "Testes de Software" foi um marco na área de Testes no País. Somente percebi isto anos depois.
Acredito que a teoria deve andar de mãos dadas com a prática. Traduzindo: estude e pratique, certifique-se e pratique ainda mais, tenha uma atitude e um aprendizado constante. Isto faz parte da evolução humana.

TEX> Nos últimos anos percebemos um crescimento exponencial das ferramentas comerciais e Open Source de gestão e apoio ao teste de software. As soluções Open Source, vem ganhando muitos adeptos e estão se tornando um padrão de mercado. Muitas empresas já adotam o modelo “Mixed Source” onde as soluções comerciais e Open Source convivem paralelamente nos mesmos ambientes. Sendo um entusiasta e defensor do Software Livre, como você vê o futuro das soluções baseadas em código livre?

Molinari> Eu não disse que sou defensor do Software Livre em essência. Sou a favor "do livre arbítrio de escolha do Software, seja ele livre ou pago". O Software Livre tem e vai ter ainda mais o seu espaço (que não pode ser negado), da mesma forma que o software pago tem.
Tem coisas que é impossível ter com o software livre. Se o software "der problema" de quem é a culpa? Se for um software de escritório, ninguém processa. Agora se o mesmo o Software Livre der problema num caso onde estivermos necessitando de solução rápida, e que se houver falha haverá grandes desastres. Quem paga "o pato"? Neste caso em áreas estratégicas vale a pena sim usar o software pago, em outras vale a pena usar o Software Livre (S.L.). Cada caso é um caso.

Se a empresa não tem dinheiro para ter algo de alta qualidade e alto suporte, deve ir para o S.L.. Se precisar diminuir custos, deve ir para o S.L.. Se o fornecedor é ruim porque não ir para o S.L.?...Se houver um S.L. bom que atenda um mínimo de requisitos deve-se ir para o S.L. sem medo de ser feliz. O S.L. é bom, mas não é perfeito. S.L. não é a panacéia, a solução para tudo.

Por outro lado aquele pesquisador ou empresa que investiu anos (tempo e dinheiro) em um software deve cobrar pelo mesmo. É um direito deles. Se não quiser cobrar pelo Software, cobre pelo serviço associado. Nunca vi serviço-livre...A Radview adota um modelo assim: o software é livre, mas o serviço é pago. Alguma feature a mais ou componente específico é pago. Porque não adotar este novo modelo?...

Nenhum é melhor do que o outro, cada um (seja S.L. ou pago) tem o seu espaço. Em alguns casos a convivência é benéfica e até necessária. O futuro das soluções baseadas em código livre é claro e promissor: se a solução for boa, o mercado em pouco tempo adota. Se a solução-livre for ruim é deixada de lado. O Linux é um exemplo de sucesso. É bom e pegou. Eu vou mais além: avalie primeiro um software livre e se não houver nenhum que atenda ou não valer a pena, vá para o pago se tiver condições financeiras. Não tenha medo. O software livre sempre valerá a pena.

TEX> Nos últimos meses você tem se dedicado bastante ao seu novo Blog [2]. Nas suas matérias podemos notar a sua maturidade e interesse em debater e disseminar o conhecimento sobre teste e qualidade de software. Como você vê a Internet como um canal para disseminar e debater questões relacionadas a qualidade e teste de software?

Molinari> O meu Blog na verdade já era um projeto antigo, que cerca de 2 meses atrás tive tempo para dar a devida atenção. No que se refere maturidade, eu já vinha fazendo isso através de artigos e outros canais, colocando meus artigos e palestras. Eu continuo com meu site pessoal, que possui um conteúdo mais didático e voltado para o pessoal de faculdade ou que conhece um pouco de Qualidade. É como um primeiro contato. A minha "maturidade" somente ampliou o canal de comunicação. Eu participava de grupos de fora do país, de maneira mais ativa. Agora optei por deixar alguns poucos externos e selecionar mais. Como o espaço nacional se abriu mais, voltei-me mais para cá.

Já tive uma frase minha que foi usada para motivação de grupos (ou times) de Testes numa empresa dos EUA. A frase era: "Devemos planejar testes como um general se planeja para um batalha, e executar o teste de maneira rápida e precisa como um ninja". Existem coisas que não tem preço e essa foi uma delas.

Eu diminuí o ritmo a cerca de dois anos atrás porque tive dois problemas: minha saída da DTS Latin America (dono ainda é e era o empresário Fernando Parra) por conta de problemas de caixa na empresa (fez corte em diversos níveis) devido ao fato dela ter sido vendida para a Altran Consulting e depois recomprada pelo dono. Na realidade a passagem de comando nunca ocorreu porque a primeira venda nunca foi efetivada 100% (o dinheiro foi recebido, mas o comando da empresa não foi passado ao novo dono), mesmo a maior parte do dinheiro já tendo sido dada. Ao final o dono original (o Parra nunca deixou de gerenciar a empresa) recomprou a empresa. Nisto foram empenhados contratos para pagar a "recompra"... Cerca de cinco meses antes da minha saída tinha recebido até uma promoção, depois de quase quatro anos na empresa. Recebi a mesma por mérito. Fiquei fora do mercado cerca de três meses e foi horrível, ainda mais com uma filha pequena. Sofro parte das conseqüências até hoje. Aí começou minha sina de realocação... A minha maior dificuldade foi durante o processo seletivo: os recrutadores me achavam muito acima da média, e por isso acabei sendo qualificado como um profissional cujo currículo é "over qualifying". É duro não?...

Neste intervalo optei por adiantar um novo livro. Um deles foi rejeitado por várias Editoras, por ser "bom demais". Foi quando achei uma "nova casa" junto a Visual Books. Ainda tenho um contrato com a Editora Érica (ela mudou de foco editorial há alguns anos) onde me obriga apresentar qualquer nova obra primeiro a eles, mas como eles tem rejeitado sistematicamente (devido a mudança de foco) então as minhas novas obras vão para a Visual Books. Nela a cerca de um ano e meio atrás iniciei o meu livro de Gerência de Configuração. Que foi feito com muita tranqüilidade e com toda liberdade dada pela Editora Visual Books.

Com a minha realocação efetiva (depois de passar por várias) pude pensar a longo prazo, e naturalmente pude forçar no meu ultimo livro e no Blog. Com isto pude usar outra mídia de maneira mais forte e mais atual: a internet, mediante a criação do meu Blog. O meu site fixo não era suficiente, mas eu precisava de algo mais para aproximar-me de meus leitores. Descobri que tenho uma legião enorme de fãs de meus livros. Tem gente que comprou todos. Mas não pense que fiquei rico. O livro técnico é para um público-alvo específico e vendê-lo é algo difícil, e as Editoras ficam com a maior parte do lucro (mais de 90%), pois são elas é que bancam o sucesso ou o prejuízo do livro. Os livros para mim servem de ponto para divulgar a Qualidade de Software, incluindo aí Testes. Ganhar dinheiro nem pensar. Talvez quando eu escrever um romance (que é algo que pode ser vendido para todos os públicos) talvez ganhe dinheiro.

A Internet é um meio fundamental de comunicação. Hoje os grandes players de mercado se não estão na Internet estão fora do mercado. Usar a internet para discutir Qualidade e Testes é um meio mais do normal. É uma necessidade básica. A melhor informação não é aquela que é guardada, mas é aquela que tiver o melhor conteúdo e for disseminada mais rapidamente.

TEX> Não podemos deixar de notar também que o seu estilo pessoal tem influenciado os temas e as abordagens das suas matérias. Seja por meio de contos tecnológicos ou por metáforas percebe-se claramente o amadurecimento de uma veia literária. Esse enfoque é uma abordagem planejada ou é simplesmente o amadurecimento das suas habilidades de comunicação para envolver o leitor?

Molinari> Essa pergunta em obriga a revelar uma verdade de 20 anos atrás. Entre 1997 e 1999, estava no meio da faculdade de Engenharia na UERJ. Como já gostava de escrever, acabei indo escrever poesias, pois lia muito Drummond, Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Augusto de Campus. Sempre li muitos contos.
Ao me inscrever num concurso de poesias na Biblioteca Regional de Jacarepaguá, na Praça Seca nesta época acabei, mesmo não tendo sido premiado fiquei nas primeiras colocações e minha poesia começou a ser reconhecida. Fiz amizade com outros Poetas. Passei a divulgar minha poesia, e acabei "pegando no meio". Escrevi três livros de poesia na época. Dois foram divulgados da maneira que se fazia na época: xerox do livro datilografado e depois grampeado no meio. Todas as minhas obras são registradas devidamente. Somente o primeiro não divulguei, ficando somente registrado. Era o livro "Engenharia da Palavra".

Usava no nome de "Leo Rezende" (tenho vários nomes intermediários, pois meu nome verdadeiro é grande) nesta época. Acabei formando um grupo de amigos poetas que se apresentavam e ensaiavam a leitura dos poemas. Nos passamos a chamar "Os Alquimistas". Cada um tinha sua própria química. Cheguei a receber um diploma de membro da Escola de Samba Tradição, devido a minha poesia. Fui jurado na Escola de Samba em concurso de festa junina inclusive.

Os meus livros "Concreto Aparente" e "Visão & Ruptura" (que vieram depois) em xerox chegaram a ser usados em sala de aula em CIEPS no Rio de Janeiro, em função das apresentações que fazia. Nas apresentações vendia os livros-xerox. Professores compravam meus livros e levavam pra sala de aula para debater com os alunos... lindo não ??? Recebi grandes retornos do use dos meus livros por parte de diversos professores.

Até que uma diretora da Escola de Samba Tradição, a "Teresa da Tradição", me contactou e acabou virando uma sponsor do "Visão & Ruptura". Usando a escola de samba como ponte, agendou um lançamento do livro (mesmo no formato de xerox) para um bar famoso no Centro do Rio, o Bar Constituição na Rua da Constituição. Foi feita uma entrevista comigo na Escola de Samba Tradição que saiu no O Globo (com direito a repórter e tudo) no Jornal de bairros anunciando lançamento. Fiz o lançamento, e no meio teve inclusive uma leitura de um poema meu chamado "O Trem". O poema era grande e virou mini-peça. "Os Alquimistas" leram o poema no lançamento (fizemos até ensaio).
Continuamos a fazer apresentações em Cesc´s locais. Eu e Os Alquimistas. Foi quando percebi que estava sendo usado tal qual sabão para promover a Teresa da Tradição. Dei "ctrl + alt + del" em tudo. Ninguém ia usar minha poesia de maneira cruel. Como estava numa época que a faculdade me cobrava cada vez mais, optei por mergulhar e esquecer um pouco a poesia e os contos. Tinha de escolher.
No trabalho nunca deixei de escrever artigos ("já estava no sangue"). No particular nunca deixei de escrever poesias e contos. O escritor e o profissional "apenas" se amalgamaram e algo de bom surgiu anos atrás: meus livros técnicos. Por isso antes de tudo me considero um escritor, seja escrevendo contos ou poesia. Os "contos tecnológicos" que sempre estão em meus livros dão um toque reflexivo na tecnologia e nas atitudes perante ela.

Sempre tive um estilo irônico, brincalhão e questionador. O que você está vendo é uma volta de velho conhecido que nunca foi embora. Por outro lado aproveito esse meu estilo para chamar a atenção de forma única para o Blog. Por que o leitor não pode ter uma leitura técnica agradável? Porque todo texto técnico precisa ser 100% chato? É essa imagem que quero mudar, e acredito estar mudando. O meu livro de Teste já causou uma transformação positiva. O que faço é continuar essa transformação positiva. "E agora José?". Vamos ao próximo da fila...

TEX> O seu livro mais recente chamado “Gerência de Configuração: Técnicas e Práticas no Desenvolvimento do Software” trata de uma atividade muito importante no ciclo de vida de desenvolvimento de software. Quais são os benefícios da Gerência de Configuração de Software para um projeto de teste de software?

Molinari> A Gerência de Configuração é um dos pilares da Qualidade de Software. Você sempre precisará armazenar os seus "objetos de software": executáveis, fontes, dll´s, etc. Você sempre precisará gerenciar a necessidade ou dúvida ou problema que chega. Quando resolvemos cruzar a necessidade com as informações da solução da necessidade e, com o armazenamento da solução estaremos compondo de forma mais básica a Gerência de Configuração (G.C.).

Todos os objetos usados no ambiente de software devem ser gerenciados. Isso vale para Testes. Um script de teste, ou caso de teste é um objeto de software, cuja criação, atualização e morte deve ser gerenciado.
Usar G.C. em Testes garante que o desenvolvimento e histórico dos objetos de teste, ou Artefatos de Testes serão gerenciados enquanto ciclo de vida. Por mais que os Artefatos de Teste estejam sob a gerência dos Testes, devemos ter regras e procedimentos de iteração com a G.C.. A implementação da G.C. em Testes passará por limitações de estratégias e limitações de implementação física.

Usar G.C. em Testes somente trará ganhos positivos, mas os Testes não podem e não devem ser "refém" da G.C. São áreas distintas que "se necessitam" e "se interagem" de forma que a Qualidade de fato seja atingida.

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