domingo, 14 de novembro de 2010

NOVO CONTO: BATE - Batalhão de Testadores de Elite 2

BATE - Batalhao de Testadores de Elite 2 - Agora o Bug é Outro e Pior Ainda
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Caro Leitor, esqueça tudo o que você leu até agora. O BATE agora é outro. O Bug agora é outro. Esta nova aventura se passa no pior dia e hora que poderiamos imaginar: em plena 6a feira a noite. Temos o dia. O local é agora outra empresa em outro estado no Brasil.

(...)

Na aventura anterior (fazendo de conta de existiu, mas na verdade não existiu), o nosso anti-heroi-testador havia encurralado um bug-perdido. O problema era reproduzível. Era uma 5a feira, já final do expediente. O nosso herói, Sidermar Leopoldo (mas conhecido como Sid), era simples mas corajoso. Estava feliz por ter cumprido sua missão.

Ele foi para casa. Porém...

Havia um desenvolvedor de nome Alfredo Boa Sorte, mas conhecido como "B.S.", que estava resolvendo um problema ou um bug como disser~qo. Ele resolveu, mas o que ele consertou fez indiretamente aparecer o velho problema resolvido pelo Sid novamente. Algo foi consertado e algo foi quebrado. O pior é que B.S. sabia do erro, que fora introduzido.

O sistema ia ser colocado em produção, porém resolveu-se fazer um sanity  check (teste de sanidade) na aplicação para ver se tudo estava ok. O problema do dia anterior resolvido pelo Sid estava lá novamente. O gerente do Sid entrou em desespero.

Consequencias? Pegou mal para Sid, passando a impressão de que ele não havia testado. Recebeu dois dias depois um documento em mãos chamado "carta de demissão". Saiu humilhado.

Sid, o homem bom, honesto, foi enjustiçado. Ele queria justiça.

(...)

Mais de 2 meses depois da saída de Sid, ele retornava a empresa. Desta vez como consultor contratado junto a uma empresa especializada em testes. Não sabiam quem ele era. Era apenas mais um, afinal estava andando agora de paletó, gravata, barba e óculos.

Nem chegou a ser apresentado. Foi apenas alocado pela empresa e entrara com o status de testador senior e especialista. Ele era o homem, segundo a empresa contratada.

Ele começou a analisar o problema que não havia sido descoberto ainda. Analisou de forma fria e calculista. Ele descobriu em pouco tempo a origem do problema, que agora era outro. Lá estava a prova: havia sido BS que fizera a besteira. E mais: ele descobriu que quem ordenará a modificação fora o chefe do BS, o Sr. Frazão.

Lá foi ele encarar o Frazão:

- Porque o Sr. determinou a essa alteração aqui no software ?

- Eu não tenho que lhe dar satisfação. Eu tenho poder aqui. Eu sou chefe e mando aqui!

- Vou lhe perguntar mais uma vez: porque?

- Saia daqui otário.

Ele não hesitou e desferiu uma porrada bem dada na cara do Sr. Fazão. O Frazão virou covardão, pois tremia de medo.

- Porque estou desviando dinheiro da empresa e tinham concertado a falha por onde eu ganhava dinheiro.

- Seu filho da mãe! E novamente Frazão apanhou.

(...)


MAs o bug ainda estava lá! Ele desconfiou e resolveu investigar outros bugs! E novamente ele descobriu: havia uma milícia de desenvolvedores experientes que estavam manipulando o código para gerar problemas de modo que eles viessem a ter alguma horas extra de trabalho. Em geral, pelo que ele percebeu, eram muitas horas extras. Era uma milícia do mal, e era algo que fazia mal para a empresa.

O que fazer para extermina-los? Solução: mudar a forma de programação. Todos passariam a trabalhar usando XP (extremme programming), e os projetos seriam de menor tamanho. Eles deveriam a trabalhar em pares. Um testador e um desenvolvedor. E os seus papeis seriam invertidos. Quem desenvolve passaria a testar e vice-versa. Loucura? Solução radical.

Para adotar a nova estratégia, ele precisava do aval de um Diretor. Depois de negociar e chantagear, ele conseguiu: o Diretor de novas soluções resolveu atender o pedido.

A armadilha estava lançada.

(...)

E um a um foram sendo descobertos. Todos os integrantes da MIlicia do Código quebradO (MICO) foram identificados. Cada vez que um código dava um erro obvio em um momento que nunca poderia dar, quem fora o último a manutenir o código (antes do erro em produção) era identificado. Seja por email, seja pelo código de permissão de acesso, seja pela hora de alteração, quem estava no local era facilmente reconhecido. Não tinha como fugir.

Era fácil identificar o erro no programa.

Era fácil achar quem forçou o erro. Tudo estava sendo monitorado.

Mas o golpe de mestre é que ninguém fora preso ou demitido. O momento não era o ideal. 

Foram três meses até identificar todos os membros do MICO.

(...)

Era uma segunda-feira. Dez horas da manhã. E-mail extraordinário. Todos os membros do mico, sem saber, foram chamados e colocados em uma sala. Era chegada a hora.

Sid entrou na sala, olhando um a um nos olhos disse:

-Bom dia, senhores.
-Bom dia, alguns responderam.
-Os senhores estão aqui por terem algo em comum. Será que alguém chuta? Vamos lá.
-Porque todos somos brasileiros, comenta um engraçadinho.
-Não! Acredito que os senhores estejam pagando um verdadeiro mico.
-Ahahah, alguns riram.
-MICO. Sim senhores. A Milicia foi desmascarada por completo. E estão todos sumariamente demitidos.

Todos ficaram em silêncio por quase 1 minuto. Até que alguém falou:

-Seu idiota. Você pensa que temos medo. Nos temos as chaves de acesso a todos os fontes. Senhas. Tudo. Temos cópias. Temos tudo.
-Idiotas são vocês. Neste momento a polícia está invadindo as suas casas, com mandato oficial. Seus acessos, senhas, códigos, foram monitorados por meses. Até seus procedimentos de backup foram descobertos. Os senhores foram filmados inclusive. Acabou.

O que ele não esperava era a reação violenta dos milicianos. Partiram para pancararia.

(...)

Sid foi parar no hospital com traumatismo craniano. Todos os membros do MICO foram pressos. Sid ainda durou mais 3 meses no CTI, mas não conseguiu resistir na final.

(...)

Um ano depois, o CEO da empresa recebia uma carta. Ao abri-la, ele viu uma carta de baralho dentro dela. Um coringa. No mesmo dia a empresa estava sendo vendida para um conglomerado estrangeiro e, ele (o CEO) estava no mesmo dia recebendo o seu bonus pela venda da empresa. Depois da venda, a maioria dos membros do antigo MICo foram contratados pela nova empresa.

--- FIM  ou não ???? ---

Autor: Leonardo Molinari